Jornalismo Indiscreto

domingo, 8 de março de 2009

Grávida de gêmeos, menina de 9 anos passa por aborto







Começarei com uma análise muito rápida da filosofia moral da Ilustração (Iluminismo), a partir de três de suas características principais: o cognitivismo, o individualismo e o universalismo.

Chamo cognitivista aquela atitude intelectual que postula a possibilidade de uma ética capaz de prescindir da religião revelada e que, em princípio, não vê diferença categorial entre o conhecimento do mundo empírico e o conhecimento do mundo moral: a mesma razão capaz de desvendar as estruturas do mundo natural é capaz de descobrir os fundamentos do comportamento moral e da norma ética. Visto nestes termos, o pensamento moral da ilustração foi absolutamente cognitivista.

A rejeição da religião revelada era a essência desse pensamento. Ele repudiava a fé institucionalizada e sustentava a possibilidade de construir uma sociedade ética, uma sociedade justa, sem que precisasse depender dos ensinamentos da religião. Foi o chamado paradoxo de Bayle, filósofo anterior à Ilustração, mas que influenciou decisivamente. Ele defendia a idéia de que uma sociedade de ateus poderia ser mais ética que uma sociedade baseada nos ensinamentos da religião. Ele não só não foi parar na fogueira porque escreveu e defendeu esta tese na Holanda, país onde a inquisição não era tão popular. Essa idéia de que a moral é dissociável da religião foi muito difundida no séc. XXVIII conseguindo a adesão de praticamente todos os filósofos da época que passaram a aderir a esse paradoxo, radicalizando-o.



Voltaire, por exemplo, dizia que os maiores massacres da história, as maiores abominações da humanidade tinham sido praticadas em nome da religião e citava como exemplo a “Noite de São Bartolomeu”, episódio dos mais sinistros envolvendo guerras de religião que assolaram a Europa no séc. XVI. A idéia dos filósofos era que, uma vez afastado o fundamento religioso, seria possível basear a moral em fundamentos leigos, seculares como, por exemplo:

-Jusnaturalista: Onde a moral podia ser fundada a partir da conformidade do comportamento humano com a lei da natureza.

-Empirista: Onde dizia que o homem é um animal organizado, sujeito a paixões e que se relaciona com o mundo exterior basicamente através das sensações. O homem naturalmente é movido pelo desejo de buscar o seu prazer e evitar o desprazer.

-Moralista: Onde diz que a norma se funda na conformidade com a própria razão, onde a moralidade não se funda nem na natureza nem nas sensações, mas na razão. È o famoso imperativo categórico, onde o indivíduo testa a máxima de suas ações para saber em que medida ela é generalizável. Se for aceita por todos, sem contradição interna, poderia aspirar ao estatuto de lei moral universal.
São essas as principais orientações da filosofia ética da Ilustração. Comum a todas é a idéia de que a moralidade pode prescindir da revelação, de que é possível fundá-la em algo mais que em sua conformidade com os dez mandamentos.





Frases relacionadas ao caso publicadas na mídia:

-O advogado da arquidiocese de Olinda e Recife, Márcio Miranda, deve apresentar ao Ministério Público de Pernambuco, denúncia de homicídio contra a mãe da vítima, por ter consentido a retirada dos fetos.

-O arcebispo de Olinda e Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, lamentou dizendo: Nós, ministros da Igreja Católica, temos obrigação de proclamar a lai de Deus. Nesses casos, os fins não justificam os meios, e a lei humana contraria a lei de Deus, contra a morte.

-A lei brasileira é clara: em caso de risco de vida para a mãe ou estupro, a interrupção da gravidez é autorizada.

-Do ponto de vista da saúde pública, a conduta dos médicos foi absolutamente correta. O resto é opinião da Igreja- disse Temporão.

-Fui criada como católica apostólica romana. Sou batizada e crismada. Meus dois filhos são batizados. Acreditar ou não na vida desde a concepção é questão de foro íntimo, e a crença de cada um não é debate do interesse da esfera pública.

-No caso pernanbucano, o que diz respeito ao interesse público é a atitude da Igreja Católica de punir, na esfera judicil e na esfera religiosa, quem agiu com base na lei, no bom senso e nas recomendações médicas.

- Em nome da fé, a Arquidiocese de Olinda e Recife volta aos tempos medievais e patrocina uma pequena Inquisição.


Repórter: Juarez Rodrigues

domingo, 1 de março de 2009

"Barrigas mundo afora"


Seja por necessidade ou por uma opção turística, não se justifica os excessos cometidos pelas autoridades locais aos brasileiros que se encontram em trânsito. Se pudessem, voltariam imediatmente para seus lares no Brasil.

Só no Aeroporto Internacional de Barajas, em Madri, em uma semana foram barrados 30 brasileiros. Mesmo usando como pano de fundo o controle na imigração para a Europa, é de se repudiar os excessos cometidos e praticados contra os brasileiros.
Há relatos de casos em que brasileiros ao chegarem ao aeroporto de Barajas foram colocados em quartos escuros e sem ventilação e se quer foi apresentado a eles informações do porquê de tal ato, sendo simplesmente deportados de volta ao Brasil numa situação vexatória, humilhante e constrangedora.

Já é hora de darmos um basta nesta situação. Deixar de sermos vistos como povo de terceiro mundo e agora sermos vistos como uma grande nação em crescimento emergente.

Quando será que o passaporte brasileiro terá valor igual ao europeu ou de um cidadão americano? Quando poderemos viajar pelo exterior sem ter que passar por tanto sofrimento? Sem ter que tomar aqueles verdadeiros “baculejos” que a imigração e a alfândega dão?

Fato é que as experiências e estatísticas mostram que os brasileiros são discriminados sim na Europa. Esta história de que a pessoa tem de carregar consigo uma determinada quantia em dinheiro, comprovar hospedagem, seguro médico, apresentar declaração de imposto de renda e etc, é balela.

Infelizmente, a quem possa interessar: ou você requer sua cidadania e com ela retira o passaporte dos nobres ou correrá o risco de sair viajando pelo exterior e a qualquer momento ser deportado ao país agro exportador que é o Brasil. Mas como deixarmos de sermos vistos como povinho de terceiro mundo se episódios farsantes como o da advogada brasileira Paula Oliveira nos arredores de Zurique, na Suíça, são tão irresponsavelmente colocados no ar, para milhões de telespectadores, sem a devida apuração dos fatos, e tão rapidamente difundidos e reproduzidos por outras mídias?

O fato é vergonhoso, tanto o tratamento recebido por brasileiros no exterior como o caso descabido desta brasileira que deixou o país em más entranhas. O presidente deveria se manifestar e admitir que se deixou levar por este ato leviano da imprensa brasileira onde, tudo se publica e quase nada se apura.
Saudosos tempos do verdadeiro jornalismo!!!




Outras “barrigas” da nossa imprensa:

_ Caso José Cléves

_ Caso da Escola Base

Repórter Juarez Rodrigues